Trauma por ser gorda? Bom, pelo menos ela não tem e curte muito seu corpanzil, o excesso de quilos e gorduras e se acha a mais gostosa de todas as mulheres. Com uma auto estima elevadíssima, ela é Sheila de Oliveira Soares (36), mais conhecida como Mulher Vulcão, negra, plus size, nascida em Itapevi - São Paulo e morando em Recife atualmente. É solteira, tem uma filha de 18 anos (Weveslaine), e está sempre pronta para entrar em erupção. Com apenas o primeiro grau incompleto, ela é acompanhante de idosos, vendedora e hoje também é digital influencer. O CulturarTEEN através do blogsite GORDINHA DE BIQUINI bateu um papo com a MULHER VULCÃO:
CULT: Prazer receber este mulherão para conversar com nossas leitores. Quando começou essa historia de ser a Mulher Vulcão, e por que esse nome?
VULCÃO: Oi gente, o prazer é meu e agradeço muito a oportunidade de estar aqui no CulturarTEEN conversando com vocês. Bom, minha história é longa, mas a história da Mulher Vulcão começou no dia 8 de dezembro de 2015. O nome foi o repórter Hudson Silvestre que deu por que tinham muitas mulheres frustas e o nome veio por que tenho uma personalidade forte.
VULCÃO: Oi gente, o prazer é meu e agradeço muito a oportunidade de estar aqui no CulturarTEEN conversando com vocês. Bom, minha história é longa, mas a história da Mulher Vulcão começou no dia 8 de dezembro de 2015. O nome foi o repórter Hudson Silvestre que deu por que tinham muitas mulheres frustas e o nome veio por que tenho uma personalidade forte.
CULT: Você sempre foi gordinha?
VULCÃO: Sempre fui "corpada", mas depois de ser mãe aos 17 anos fiquei com mais corpo e depois de uma depressão engordei mais ainda.
CULT: Sofreu e ainda sofre preconceitos?
VULCÃO: Sim todos, de todos os tipos como até hoje passo por muitos ainda. O primeiro quando era nova, não ficava nos trabalhos por ser nova e ter bumbum grande e as patroas ficavam com ciúme da minha bunda enorme e acabavam me mandando pra rua.
CULT: Algum tipo de violência doméstica, abusos?
VULCÃO: Sofri muito violência doméstica por parte do meu pai. Na rua, com o corpão que eu tinha, sofri muitos assédios sexuais e com isso ficava retraída. Sofri uma tentativa de abuso sexual (estupro) em 2010 no prédio onde morava.
CULT: E hoje, depois que virou a Mulher Vulcão, você é apenas Digital Influencer, ou também faz shows? E que tipos de shows?
VULCÃO: Faço shows às vezes, mas desde que começou a pandemia tive que parar e só trabalho pela internet oferecendo produtos e serviços de lojas e empresas e é claro, colocando minha fotos e meus vídeos. Sou dançaria, participo de clipes, gravo vídeos sensuais pra vender e faturar um extra (risos). Mostro que a mulher pode ser sensual sem mostra a pepeca.
CULT: Você se ama, gosta do seu corpo?
VULCÃO: Sim claro, me acho muito gostosa.
CULT: Quando começou a fazer fotos e videos sensuais?
VULCÃO: Depois da separação, onde meu ex falou que eu era feia e gorda que nem a maresia me comia. Hoje ele chora pra voltar e eu falo que a maresia está comendo o que ele não aguentou (risos).
CULT: Já fez ensaios totalmente nua?
VULCÃO: Ainda não, mas é meu sonho. Mas hoje não tiro fotos nuas, ao menos que seja uma revista que me pague bem.
CULT: Diga seus sonhos e desejos.
VULCÃO: Sonho ter minha casa própria. Meu desejo hoje é que minha filha termine os estudos e que tenhamos o suficiente pra viver.
CULT: Recado para as mulheres que passam pelo mesmo tipo de problemas que você passou e ainda passa.
VULCÃO: Que a vida nós dá todos os dias a chance de recomeçar do zero e que elas possam ser o que elas quiserem ser. Queria também dizer que em 2016 eu fui candidata a vereadora em Natal, onde morei até 2018 e levantava a bandeira contra o preconceito contra as gordas e a violência mulher negra e esse em 2020, recebi convite de novo para me candidatar mas não aceitei.
MULHER VULCÃO FALA SOBRE AS VIOLÊNCIAS QUE SOFREU
Olá meu nome é Sheila tenho 36 anos e a violência doméstica começou comigo desde cedo desde quando eu tinha oito anos de idade que meu pai sempre foi alcoólatra, então toda vez que ele saia, ele chegava bêbado e tudo era motivo para ele brigar, para ter discussão em casa.
Eu crescia vendo meu pai batendo na minha mãe agredindo a minha mãe, machucando muito ela e com os 10 anos de idade que tudo começou a piorar após a minha avó ter falecido. Tivemos que vir de Itapevi (SP) para morar em Pernambuco e nossa vida aqui se tornou um absurdo. Ele bebia diretamente constantemente.
Já aos 11, 12 anos, que comecei a dançar. Eu sempre gostei de dançar e meu pai é muito ciumento então ele não deixava. O meu sonho era ser dançarina na época então tudo era motivo para tá batendo em mim e na minha mãe, então eu apanhava direto apanhava por qualquer motivo. Eu cresci numa família de violência doméstica, aos 15 anos que já não aguentava mais sempre briga, então eu conheci o pai da minha filha engravidei aos 16 anos fui mãe cedo, com 17 anos.
Aos 19 anos foi morar no Rio Grande do Norte em Natal e 2010 eu sofri uma tentativa de estrupo onde entraram quatro rapazes no prédio onde eu morava. Perto tinha uma boate que tocava música muito alta e eu não conseguia dormir. Quando foi 5 horas da manhã, ouvi um barulho muito forte na parede e derrepentemente eu escutei um chute na porta e entraram dois homens no meu quarto. Um moreno magro alto começou a colocar a arma dentro das minhas partes íntimas, colocava na minha boca colocava na minha na minha vozinha, aquilo ali foi o terrorismo para mim, aquilo ali nunca ia acabar.
Entrei numa depressão profunda quando eu passei três dias trancada sem querer ver ninguém com medo isso foi aterrorizante porque não sabia o que tinha acontecido, apagou tudo, não sei se me estupraram, o que fizeram, não tava nem mesmo dentro de mim. Foi muito constrangedor, foi muito doloroso após isso entrei num relacionamento abusivo onde o meu ex sempre me conheceu gordinha e ele toda vez dizia que eu era gorda, que era feia até chegar no tempo dele dizer que nem a maresia me queria então isso sempre foi muito constrangedor para mim, porque meu corpo foi sempre assim, eu fui sempre grande, atraente, bunda gigante e isso é realmente era um problema por ter um corpo que chamava muita atenção.
Sempre chamei atenção e sempre gostei disso, me fazia bem e até hoje faz, sempre fui assim. Gosto de roupa curta, sempre gostei de saber que muitos homens adoravam me ver assim, mas com meus companheiros não podia usar. Eu tinha sempre que usar um short de lycra e mesmo assim com uma blusa grande e até a última vez que tive um relacionamento, o último relacionamento sexual ele falou para mim que nem a maresia me queria e depois disso eu cansei tanto de passar a noite chorando por causa disso.
Eu cansei, terminei com ele mais ou menos um mês de término de relacionamento com ele eu fui convidada né para entrar nesse personagem de Mulher Vulcão que hoje é um personagem que levanta a bandeira contra gordofobia e isso tem me ajudado bastante como mulher e ajudado outras mulheres também mostrando que é possível sim dar a volta por cima que todo dia podemos começar do zero e que nossos corpos não falam do nosso caráter. Hoje a gente convive no mundo que o corpo fala mais alto, onde o seu corpo que diz as regras e as pessoas não querem ver teu caráter, não querem saber de nada, elas querem ver corpos e através do meu lindo corpo eu consigo passar uma bela mensagem que podemos ser quem a gente quiser, e devemos e deveremos ter respeito por nós e pelos outros.
Eu já perdi empregos por que tinha chamado atenção e a patroa não via o meu caráter minha personalidade e sim, ela via meu corpo, meu bundão (coisa que elas não tinham) e aí a insegurança, não é, infelizmente ainda tem muito disso que não deixa de ser uma violência psicológica então assim eu procuro constantemente apoio de psicólogos e amigos e sempre me valorizo o máximo que posso. Hoje minha auto estima voltou e está elevadíssima, e o fato de existir gente como o jornalista Pery Salgado e o CulturarTEEN que respeitam e valorizam as gordinhas, isso nos deixa muito felizes. Hoje sou uma linda modelo Plus Size.
CULT: Sensacional o seu depoimento, muito forte. Deixe os contatos para eventos.
VULCÃO: Meu Instagram é @mulhervulcao, https://www.facebook.com/mulhervulcao1 e meu e-mail sheilaoliveira20@hotmail.com .
CULT: Parabéns e obrigado pela sua participação e depoimentos.
VULCÃO: Eu que agradeço a enorme oportunidade e parabéns para vocês, por nos darem voz e vez, por nos valorizarem e por nos respeitarem. Um beijão para vocês e para todos os leitores do CULTURARTEEN.